sábado, 12 de março de 2011

Irão: Dirigente Bahá’í impedido de comparecer no funeral da esposa

"Negar a um homem inocente a possibilidade de estar com a sua esposa no momento do seu falecimento, e posteriormente impedir que ele compareça no seu funeral, mostra a dimensão da desumanidade em que as autoridades iranianas se afundam. A compaixão e a justiça islâmica estão longe daqui". Foi com estas palavras que Diane Ala'i - a representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas em Genebra - reagiu ao facto de um dos sete dirigentes Bahá'ís detidos no Irão não ter sido autorizado comparecer no funeral da sua esposa. "Esta é uma sequência de eventos profundamente cruel", acrescentou.

O Sr. Jamaloddin Khanjani - actualmente com 77 de idade - está a cumprir uma pena de dez anos na prisão iraniana Gohardasht, juntamente com outros seis Bahá’ís. Todos eram membros de um grupo ad hoc nacional que tratava das necessidades da Comunidade Bahá’í do Irão. A Sra. Ashraf Khanjani de 81 anos de idade - casada com o Sr. Khanjani há mais de 50 anos - faleceu na manhã de quinta-feira (09-Março) na casa da família em Teerão. Há vários meses que tinha problemas de saúde.

Sabe-se que o funeral da Sra. Khanjani, se realizou ontem (sexta-feira) de manhã em Teerão, com a presença de 8.000 a 10.000 pessoas. Funcionários do Ministério da Informação estiveram presentes e filmaram o acontecimento.



A Sra. Khanjani dedicou sua vida a criar os seus quatro filhos, tendo também cuidado de dezenas de outras crianças de famílias carenciadas. "Ela chegava a cuidar de 40 ou 50 crianças em qualquer momento, independentemente das crenças religiosas dessas famílias", disse Alai. "Isso mostra é o tipo de pessoa que ela era: gentil e generosa. Era um farol de esperança dedicado a manter a unidade da sua família face à dura perseguição religiosa" .

Antes da revolução iraniana de 1979, o Sr. Khanjani era um empresário bem-sucedido e proprietário de uma fábrica de tijolos mecanizada, onde trabalhavam centenas de pessoas. Após a revolução, o Sr. Khanjani foi obrigado a encerrar a fábrica, tendo esta sido posteriormente confiscada pelas autoridades.

No início dos anos 1980, o Sr. Khanjani serviu como membro da Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Irão, instituição que foi dissolvida pelo Governo, e da qual quatro membros foram fuzilados.

Posteriormente, e apesar de muitas dificuldades, o Sr. Khanjani conseguiu criar uma quinta mecanizada. Os condicionamentos impostos pelas autoridades estendiam-se aos seus filhos e parentes, e incluíam a recusa de empréstimos, o encerramento das suas instalações, a limitação de transacções comerciais, e a proibição de viajar para fora do Irão.

Em Maio de 2008, o sr. Khanjani foi detido, juntamente com outros seis dirigentes Bahá’ís. "A vida nos últimos três anos, desde sua prisão foi particularmente difícil para a esposa e família", disse Ala'i. "Depois que o Sr. Khanjani ter sido transferido para Gohardasht, em Agosto do ano passado, as visitas quinzenais à prisão obrigavam a uma viagem de 100 km ida e volta. Foi mais um encargo adicional para suportar." Para agravar as dificuldades vários familiares próximos da família Khanjani têm sido visados pelas autoridades, estando alguns deles detidos.

"Pelo menos hoje, neste momento tão difícil, o Sr. Khanjani e sua família sentem o conforto pelo facto dos pensamentos e orações de governos, organizações e pessoas de boa vontade em todo o mundo, estarem com eles", disse Ala'i.

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