segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Três Epístolas para os Aniversários Gémeos

Neste mês de Novembro os Bahá’ís celebram pela primeira vez os aniversários gémeos do Báb e de Bahá’u’lláh, segundo o calendário Badi. Para assinalar estes eventos, a Casa Universal de Justiça divulgou três Epístolas de Bahá’u’lláh especialmente reveladas para assinalar estas datas. Estas três epístolas fazem parte de um livro intitulado Dias da Memória, uma colectânea de Escrituras de Bahá’u’lláh reveladas especificamente para celebrar os dias sagrados Bahá’ís. Espera-se que esse livro seja publicado em 2016.

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Selecções dos Dias da Memória

Nascimento do Báb

Em nome d’Aquele que nasceu neste dia, Aquele a quem Deus fez o Arauto do Seu Nome, 
o Omnipotente, de Amor Ilimitado!

Esta é uma Epístola que Nós endereçámos àquela noite em que os céus e a terra foram iluminados por uma Luz que irradiou o seu esplendor sobre toda a criação.

Abençoada sejas, ó noite! Pois através de ti nasceu o Dia de Deus, um Dia que Nós decretámos que fosse a lâmpada da salvação dos habitantes das cidades dos nomes, o cálice da vitória para os campeões das arenas da eternidade e o alvorecer do júbilo e da exultação para toda a criação.

Imensuravelmente exaltado seja Deus, o Criador dos céus, Que fez com que este Dia pronunciasse aquele Nome devido ao qual os véus das fantasias fúteis se rasgaram, se dissiparam as brumas das imaginações frívolas, e o Seu nome “O que Subsiste por Si Próprio” despontou por sobre o horizonte da certeza. Através de Ti, quebrou-se o lacre do vinho selecto da vida eterna, destrancaram-se as portas do conhecimento e da elocução perante os povos da terra e as brisas do Todo-Misericordioso sopraram por sobre todas as regiões. Absolutamente glorificada seja aquela hora em que surgiu o Tesouro de Deus, o Todo-Poderoso, o Omnisciente, o Sapientíssimo!

Ó convergência do céu e da terra! Esta é aquela primeira noite, que Deus instituiu como um indício da segunda, em que nasceu Aquele Que nenhum louvor pode adequadamente enaltecer, nem atributo algum descrever. Bem-aventurado aquele que reflecte sobre ambas: em verdade, ele constatará que a sua realidade exterior corresponde à sua essência interior e familizar-se-á com os mistérios divinos que jazem entesourados nesta Revelação, uma Revelação através da qual os alicerces da heresia foram abalados, estilhaçados os ídolos da superstição, e desdobrado o estandarte que proclamava: “Não há outro Deus senão Ele, o Poderoso, o Exaltado, o Incomparável, o Protector, o Forte, o Inacessível.”

Nesta noite soprou a fragrância da proximidade, abriram-se repentinamente os portais da reunião no fim dos dias e todas as coisas criadas foram impelidas a exclamar: “O Reino é de Deus, o Senhor de todos os nomes, Que surgiu com soberania mundial!” Nesta noite, a Assembleia nas alturas celebrou o louvor do seu Senhor, o Exaltado, o Mais Glorioso, e as realidades dos nomes divinos enalteceram Aquele Que é o Rei do princípio e do fim nesta Revelação - uma Revelação através de cuja potência as montanhas se precipitaram em direcção Àquele Que é o Todo-Suficiente, o Altíssimo, e os corações se volveram para o semblante do seu Bem-Amado, e as folhas se agitaram com as brisas do anelo, e as árvores ergueram as suas vozes em resposta rejubilante ao apelo d’Aquele que é o Irrestrito, e a terra inteira tremeu de ânsia no seu desejo de conseguir reunir-se ao Rei Eterno e todas as coisas se renovaram através daquela Palavra oculta que surgiu neste Nome poderoso.

Ó noite do Todo-Generoso! Em ti, verdadeiramente contemplamos o Livro-Mãe. Será verdadeiramente um Livro, ou um filho unigénito? Não, por Mim Próprio! Tais palavras pertencem ao reino dos nomes, mas Deus santificou este Livro acima de todos os nomes. Através dele revelaram-se o Segredo oculto e o Mistério acalentado. Não, pela Minha vida! Tudo o que foi mencionado pertence ao reino dos atributos, enquanto o Livro-Mãe se ergue supremo acima disto. Através dele apareceram, sobre todas as outras, as manifestações de “Não há outro Deus senão Deus”. No entanto, embora tais coisas tenham sido proclamadas a todos, o teu Senhor estima que apenas o Seu ouvido é capaz de as ouvir. Abençoados aqueles que não têm dúvidas!

De seguida, estupefacta, a Pena do Altíssimo proclamou: “Ó Tu Que és exaltado acima de todos os nomes! Suplico-Te pelo Teu poder, que envolve os céus e a terra, que me dispenses de Te mencionar, pois Eu própria fui chamada à existência através da virtude do Teu poder criador. Como posso eu então retratar o que todas as coisas criadas são incapazes de descrever? E, contudo, juro pela Tua glória, fosse eu proclamar aquilo com que Tu me inspiraste, a criação inteira pereceria de regozijo e êxtase, quanto mais ainda ficaria submergida perante as vagas do oceano da Tua elocução, neste mais luminoso, mais exaltado e transcendente Local. Isenta, ó Senhor, esta Pena vacilante de magnificar uma posição tão augusta e concede-me a tua misericórdia, ó meu Possuidor e meu Rei. Não consideres, pois, as minhas ofensas na Tua presença. Em verdade, Tu és o Senhor da dádiva, o Todo-Poderoso, o Sempre Clemente, o Mais Generoso.”

(Ayyám-i-Tis‘ih, pp. 12–15)


Nascimento de Bahá’u’lláh

Ele é o Mais Sagrado, o Mais Exaltado, o Mais Grandioso.

O Festival do Nascimento chegou e Aquele que é a Beleza de Deus, o Todo-Poderoso, o Irresistível, o de Amor Ilimitado, ascendeu ao Seu trono. Bem-aventurado aquele que neste Dia atingiu a Sua presença e em quem o olhar de Deus, o Auxílio no Perigo, o que Subsiste por Si Próprio, se fixou. Diz: celebrámos este Festival na Mais Grandiosa Prisão numa época em que os reis da terra se ergueram contra Nós. No entanto, nunca a ascendência do opressor poderá frustrar-Nos, nem as hostes do mundo consternar-Nos. O Todo-Misericordioso é disto testemunha nesta época majestosa.

Diz: Deveria a quintessência da certeza consternar-se perante o clamor dos povos do mundo? Não, pela Sua beleza que irradia o Seu esplendor sobre tudo o que foi e tudo o que há-de ser! Em verdade, esta é a majestade do Senhor que envolveu toda a criação e este é o Seu poder transcendente que permeou todos os que vêem e tudo o que é visto. Segura-te firmemente ao cordão do Seu poder soberano e menciona o teu Senhor, o Ilimitado, nesta aurora cuja luz revelou todos os segredos ocultos. Assim falou a língua do Ancião dos Dias neste Dia em que se quebrou o lacre do vinho selecto. Acautela-te para que as imaginações vãs daqueles que duvidaram de Deus não te perturbem, nem as suas fantasias inúteis te desencorajem deste longo caminho.

Ó povo de Bahá! Voa com as asas do desprendimento até à atmosfera do amor do teu Senhor, o Todo-Misericordioso. Levanta-te então para O tornares vitorioso, tal como prescrito na Epístola Preservada. Acautela-te para não contender com qualquer dos Meus servos. Agracia-os com os doces sabores de Deus e as Suas elocuções sagradas, pois através da sua potência todos serão capazes de se volver para Ele. Aqueles que neste Dia continuam a negligenciar Deus estão verdadeiramente perdidos na embriaguez dos seus desejos, sem disso se aperceberem. Bem-aventurado aquele que, com humildade e submissão, volveu o seu rosto para o Alvorecer dos versículos do seu Senhor.

Incumbe-te ergueres-te e inteirar o povo daquilo que foi revelado no Livro do seu Senhor, o Omnipotente, o Irrestrito. Diz: Temam a Deus e não atendam às fantasias inúteis daqueles que percorrem os caminhos da dúvida e da iniquidade. Volvam-se com corações radiantes para o trono do vosso Senhor, o Possuidor de todos os nomes. Em verdade, Ele auxiliar-vos-á através do poder da verdade. Não há outro Deus, senão Ele, o Omnipotente, o Mais Generoso.

Apressar-se-iam até a um mero charco, quando o Mais Grandioso Oceano se estende perante os vossos olhos? Volvam-se completamente para ele e não sigam as pegadas de todos os embusteiros infiéis. Assim chilreia a Ave da Eternidade nos ramos do Nosso Cedro divino. Por Deus! Uma única das suas melodias é suficiente para deleitar a Assembleia nas alturas e, para além deles, os habitantes das cidades dos nomes e, mais além ainda, aqueles que circundam o Seu trono, ao alvorecer e ao anoitecer.

Deste modo, do céu da vontade do teu Senhor, o Todo-Misericordioso, choveram as águas da elocução. Acerca-te delas, ó povo, e renuncia àqueles que disputam inutilmente os versículos que Deus revelou, e que não acreditaram no seu Senhor, quando Ele veio investido de evidências e testemunhos.

(Ayyám-i-Tis‘ih, pp. 45–47)


Nascimento de Bahá’u’lláh

Ele é o Mais Sagrado, o Mais Grandioso.

Este é o mês em que nasceu o possuidor do Mais Grandioso Nome, Cujo aparecimento fez tremer os membros da humanidade e o pó de Cujas pegadas foi almejado como bênção pela Assembleia nas alturas e pelos habitantes das cidades dos nomes. Seguidamente louvaram a Deus e clamaram de alegria e exultação. Por Deus! Este é o mês através do qual todos os outros foram iluminados, o mês em que Ele Que é o Segredo oculto e o Tesouro preservado se manifestou e bradou entre toda a humanidade. Todo o domínio pertence a esta Criança recém-nascida, através de Quem a face da criação se cobriu de sorrisos, e as árvores se agitaram e os oceanos se encapelaram, e as montanhas voaram, e o Paraíso ergueu a sua voz, e a Rocha gritou, e todas as coisas exclamaram: “Ó confluência da criação! Apressa-te até ao alvorecer do semblante do teu Senhor, o Misericordioso, o Compassivo!”

Este é o mês em que o próprio Paraíso se adornou com os esplendores do semblante do seu Senhor, o Todo-Misericordioso, e o Rouxinol celestial chilreou a sua melodia no Cedro Divino, e os corações dos eleitos se encheram de êxtase. Mas lamentavelmente as pessoas, na sua maioria, estão desatentas. Abençoado seja aquele que O reconheceu e apreendeu aquilo que foi prometido nos Livros de Deus, o Omnipotente, o Todo-Louvado; e amaldiçoado seja quem se afastou d’Aquele em Quem se fixou o olhar da Assembleia nas alturas, Aquele que confundiu todos os descrentes insubmissos.

Quando receberes esta Epístola, entoa-a na mais doce das melodias e diz: Louvado sejas, ó meu mais misericordioso Senhor, por Te recordares de mim nesta Epístola pela qual a fragrância das vestes do Teu conhecimento se difundiu e se encapelaram as ondas dos oceanos da Tua graça. Dou testemunho de que Tu és potente para fazer como Te apraz. Nenhum outro Deus há senão Tu, o Omnipotente, o Omnisciente, o Sapientíssimo.

(Má’idiy-i-Ásmání, vol. 4, p. 342)

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Tradução: Margarida Miguel
Revisão: Marco Oliveira e Margarida Miguel

1 comentário:

J. Carlos disse...

O meu Muito Obrigado aos Amigos pela tradução e publicação destas Três Epístolas do Livro que está sendo apresentado.
Iremos esperar ansiosamente pela sua tradução em Português, e pela informação da sua publicação.
J. Carlos