sábado, 3 de junho de 2017

Acreditar em anjos?

Por Rodney Richards.


Quem acredita em anjos? Eles tiveram uma presença proeminente na história religiosa da humanidade.

No Judaísmo, os arcanjos Miguel e Gabriel desempenham papéis significativos na Torá. A Igreja Mórmon começou sob a direcção do anjo Moroni, que mostrou ao jovem Joseph Smith em 1827, onde estavam enterradas as placas de ouro nas montanhas do Estado de Nova Iorque. No Cristianismo, o arcanjo Gabriel visita a Virgem Maria e profetiza o nascimento de Jesus Cristo. Mais tarde, no Alcorão, aquele mesmo Arcanjo Gabriel ordenou a Maomé que lesse. Embora fosse analfabeto e estivesse assustado, Ele leu, mudando a história do planeta até hoje.

A serpente no Jardim do Éden que tentou Adão e Eva assumiu a aparência de um arcanjo caído em desgraça, conhecido há muito tempo como Lúcifer.

A Bíblia está repleta de aparições de anjos:
E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo. (Apocalipse 14: 6)

Permaneça o amor fraternal. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. (Hebreus 13: 1-2)
Nós, seres humanos, podemos agir como "anjos", de forma consciente ou inconsciente. Quando alguém faz algo bom para nós, pelos nossos melhores interesses, em vez dos seus próprios, torna-se como um anjo.

Isto lembra a própria essência do "bem" e do "mal", conceitos tão antigos quanto as pessoas e as suas relações umas com as outras. Nas antigas religiões, os anjos representavam a bondade, a generosidade e o altruísmo; por outro lado, criaturas como Satanás representavam o egoísmo, a mesquinhez e a maldade.

Quem são os meus anjos?

A minha esposa Janet é o meu anjo neste mundo, embora eu conheça muitos outros. Ela é o meu anjo da guarda, um conceito surgido no Catolicismo e noutras religiões - alguém que vela por mim e pelas minhas acções, para meu próprio bem. A minha mãe, com 85 anos, generosa e bondosa, excessivamente cuidadosa, sincera e preocupada com o bem-estar da família e até mesmo com estranhos, personifica um anjo vivo, apesar de ter pequenas falhas. Quando me sento no pátio num dia ventoso aproveitando o sol, vejo as borboletas brancas e amarelas esvoaçando nos nossos jardins, e sei que cada uma representa o espírito do meu falecido irmão Stephen, que olha por mim, pelo menos figurativamente.

Os anjos aparecem em muitas formas e aspectos, na forma da natureza e na forma do homem, mulher ou criança, simbolizando tudo o que vemos como bom, sagrado e amoroso no mundo.

Outro exemplo: todas as pessoas na minha vida - demasiado numerosas para mencionar - que me ajudaram a avançar em vários projectos ou carreiras. Eu não estaria onde estou hoje sem a ajuda e assistência de centenas, talvez milhares de "anjos" que tornaram o meu caminho pela vida mais fácil, mais feliz e mais gratificante. Graças à sua ajuda sou capaz de me afastar dos grandes e pequenos demónios e estou cheio de confiança, esperança e alegria:
Regozijai-vos, pois a mesa celestial está preparada para vós.
Regozijai-vos, porque os anjos do céu são vossos assistentes e ajudantes.
Regozijai-vos, pois o olhar da Abençoada Beleza, Bahá'u'lláh, dirige-se a vós.
Regozijai-vos, pois Bahá’u’lláh é o vosso Protector.
Regozijai-vos, porque a glória eterna está-vos destinada.
Regozijai-vos, porque a vida eterna espera-vos.
('Abdu'l-Bahá, The Promulgation of Universal Peace, p. 214)
Quando fazemos coisas boas, também somos anjos, especialmente quando damos algo de nós próprios, do nosso tempo, do nosso dinheiro e da nossa energia para ajudar os outros de forma altruísta. Seja ao ajudarmos pessoas necessitadas ou carentes, familiares ou nossos filhos, seja ao fazer trabalho voluntário na comunidade, seja ao servir como educadores nas escolas ou a trabalhar arduamente em algo que contribua para a sociedade, todos nós nos tornamos anjos, em mais formas do que imaginamos.

Gostava que a UNESCO promovesse o Ano do Anjo assim como o Ano da Criança e o Ano da Mulher. Talvez isso não seja muito exagerado, já que agora estamos no Ano Internacional da Luz, e os anjos trazem luz e não escuridão, tal como o Arcanjo Uriel que transporta a chama de Deus.

Neste momento, o mundo precisa de mais anjos e dos seus actos cuidadosos e altruístas de generosidade e amor. Precisamos de aceitação angélica e não apenas tolerância. Precisamos de compreensão e paciência, e de pensamentos pacíficos. Desperdiçamos a nossa energia agindo com base em frustração e raiva contra coisas que só podemos mudar se mudarmos corações e mentes individuais, criando assim o poder positivo necessário para alterar os sistemas e as leis que abominamos.

E por onde podemos começar? Comecemos por nós próprios, com alguns sorrisos angélicos e gestos simpáticos, hoje mesmo.

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Texto original: Do You Believe in Angels? (www.bahaiteachings.org)

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Rodney Richards é escritor técnico de profissão e trabalhou durante 39 anos para o Governo Estadual de New Jersey. Reformou-se em 2009 e dedicou-se à escrita (prosa e poesia),tendo publicado o seu primeiro livro de memórias Episodes: A poetic memoir. É casado, orgulha-se dos seus filhos adultos, e permanece um elemento activo na sua comunidade.

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